ANEMIA NA GRAVIDEZ

A definição de anemia na gravidez, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a presença de níveis de hemoglobina (Hb) inferiores a 11,0 g/dl.

As anemias podem ser adquiridas ou hereditárias. As adquiridas podem ser secundárias a deficiência de ferro, hemorragias agudas, neoplasias, deficiência de vitamina B12 ou de folato, entre outras. Já as causas hereditárias incluem doença falciforme, talassemias e outras anemias hemolíticas.

Estima-se que 3 em cada 10 gestantes brasileiras apresentem anemia durante o pré-natal.

O rastreamento de anemia, através da realização do exame de hemograma, é recomendação do Ministério da Saúde, Organização Mundial de Saúde e do CDC (Center for Disease Control and Prevention), para toda mulher grávida durante o pré-natal.

Há várias consequências e complicações materno-fetais da anemia na gestação. Maternas: cansaço, queda de cabelo, instabilidade emocional e aumento de risco para depressão pós-parto, maior risco para trabalho de parto prematuro, necessidade de transfusão sanguínea, anemia após o parto e menor tolerabilidade à perda de sangue durante o parto. Fetais: elevado risco de prematuridade, baixo peso ao nascimento e maior mortalidade perinatal.

O tipo mais comum de anemia na gravidez é a Anemia ferropriva, que se caracteriza pela presença de estoques de ferro inadequados. A diminuição dos níveis de ferritina e de ferro sérico, mesmo antes de se estabelecer um quadro de anemia, já são prejudiciais à gestação.

Durante a gravidez, há um aumento na necessidade de ferro, sendo a necessidade diária de ingestão de ferro de 27-30 mg. A alimentação oferece, em média, apenas 15 mg/dia. Daí a importância e a obrigatoriedade da prevenção da anemia ferropriva na gravidez, através do uso de suplementos.

Na alimentação, as principais fontes de ferro são: carnes de vaca, aves, porco, fígado, peixes, vegetais verdes, feijão e cereais. Sua absorção é aumentada com o acréscimo de alimentos ácidos na dieta, como laranja, tomate e morango.

Em vista da limitação da dieta em fornecer, isoladamente, a quantidade de ferro adequada e necessária para a gestação e da grande prevalência de deficiência de ferro (com ou sem desenvolvimento de anemia ferropriva), preconiza-se a suplementação universal de ferro durante a gravidez, que pode ser iniciada, de modo individualizado, logo no início do acompanhamento pré-natal ou a partir da segunda metade da gravidez.

A dose da suplementação varia de 30-60 mg de ferro elementar ao dia, com tendência a utilizar doses menores, de 30-40 mg, para diminuir os efeitos adversos e aumentar a adesão.

Para a prevenção da anemia pode-se utilizar compostos polivitamínicos, enquanto que, para tratamento de gestantes já anêmicas, a preferência é pelos sais de ferro isolados.